sábado, 11 de outubro de 2014

18 ANOS DE MORTE DE RENATO RUSSO




Eu estava na oitava série, naqueles dias legião urbana era uma banda do passado tal qual... Raimundos é hoje (muito sucesso e fãs saudosistas do que já eram) e eu que ainda não tinha identidade musical ouvia o que a globo e as rádios jabás me mandavam. Me lembro de um intervalo de aula uma colega dizer que a banda que mais gostava era Legião Urbana e eu fiquei imaginando (como assim, eles ainda existem??? Na época a banda do momento era Skank com sua garota nacional). No fim de setembro de 1996 a transamérica lançou quase sem divulgação um single chamado Via Láctea, que era triste e nada radiofonico e nada lembrava o que eu escutava nos anos 80. Foi matéria de capa até do Jornal de Brasília mas sem muita exposição como o já citado Skank.

Na manhã de 11 de outubro de 1996, era para ser mais um dia de aula, quente mesmo sendo periodo de fim de seca em Brasília (no fim daquele dia choveu). Estava tomando banho pra ir a escola quando veio aquela aterrorizante vinheta do plantão da globo que quando tocava já era uma previsão de morte ou coisa ruim (já que só era tocada em emergencia) e anunciou: MORREU RENATO RUSSO!!! Mesmo não acompanhando sua carreira até o momento da vinheta, mas assim que veio a noticia comecei a puxar na memoria todas as boas lembranças e momentos felizes que tive ao som de Legião Urbana e vi o quanto eles tinham feito parte da minha vida. 

No caminho de casa pra escola, vários lugares tocavam músicas diferentes da Legião Urbana e ao chegar na escola era uma comoção igual já havia acontecido no inicio daquela ano com a morte dos Mamonas Assassinas, a diferença é que os Mamonas era a banda da moda e a Legião, mesmo fora de divulgação era a banda do coração de Brasília. Só se falava de Renato e Legião e tentavam cantar o máximo de música possível que conseguissem mesmo que quase sempre se chegasse a Pais e Filhos e Faroeste Caboclo.

Ao chegar em casa e acompanhar pela tv e rádio a repercussão pude ter noção maior do que era Renato Russo. Já havia virado comoção. Antes só tinha percebido isto quando morria alguem em evidencia, Renato Russo mesmo com o disco em italiano e o disco sem trabalho de divulgação não estava no patamar do que era o Mamonas por Exemplo. As vendas dos discos anteriores dispararam, o novo cd que nem tinha divulgação começou a ter visibilidade, Via láctea passou a deixar de ser escondida nas programações de rádio e ficar direto em primeiro lugar em algumas programações ao lado de... Pais e Filhos de 06 anos antes.

Foi quando começaram a pipocar as homenagens a Renato Russo pela TV e rádio, naquela mesma noite a transamérica e a recém inaugurada em Brasília Jovem Pan divulgaram especiais da Legião Urbana. Do rádio ainda acompanhei uma entrevista com o Eduardo da música Eduardo e Mônica que deu uma entrevista para a rádio planalto contando sua história e da música e sua relação com Renato Russo. Mas preferi ficar com os especiais de TV, e o primeiro que se dispôs a fazer um especial foi o SBT na mesma noite de sexta feira, foi reprisado o programa (já clássico) de lançamento do disco O descobrimento do Brasil. No sábado a Manchete colocou seu especial sobre a história do cantor emendado com o show do Parque Antartica da turnê do disco As Quatro Estações que depois viraria cd duplo. No domingo teve a transmissão pela TV Nacional  do show do Alternativa Nativa no Maracanãzinho da turnê Que Pais é Este (único que não vi devido a chuva forte que caiu e derrubou a energia durante a transmissão) e terminou com a transmissão pela BAND (DA VERSÃO NA ÍNTEGRA) do também já clássico show no metropolitan da turnê do show Descobrimento do Brasil. Não lembro de transmissão de especial pela Record e a globo não teve especial, somente citação do Faustão em seu programa, já que Renato era seu amigo pessoal.

Os dias que se seguiram foram aumentando minha admiração pela obra de Renato e meu fanatismo, talvez de todas as pessoas que já fui fã, talvez nada se compara aqueles dias pós morte do Renato. Foi a partir daí que comecei a coleção de discos de vinil iniciada com o disco DOIS (todo detonado e que já não tenho mais), comprar fitas cassetes, acompanhar matérias ouvir os discos que eu tinha acesso (era uma época pré-internet e pirataria que se iniciava). Lembro que durante esta comoção eu comprei a fita cassete original do Quatro Estações na semana em que fui ao retiro de Crisma e lá só se cantava músicas deste disco. 

Um fato que vale mencionar e que hoje em dia se tornará mais raro devido a decadencia das gravadoras e a queda da venda dos discos e cds, que era o hábito de acompanhar a primeira audição de um disco como se fosse um evento e isto aconteceu comigo quando ouvi pela primeira vez o disco Uma Outra Estação em uma noite de sábado e chuva sem energia. Ele talvez seja o disco mais fraco, o que não quer dizer que seja ruim. Pra mim é um disco de redenção, como uma ópera, ou uma tragédia grega. Ele começa alegre com Riding Song, vai ficando triste e depressivo em La maison Dieu, chega ao ponto final em Clarisse, e em Schubert Landler parece música de enterro e tem A tempestade como purgatório para depois e redenção em músicas como Sagrado Coração e Ressureição em Travessia do Eixão. Pra mim aquela hora foi uma experiencia como raras vezes tive antes. 

sexta-feira, 20 de junho de 2014

LUIZ GONZAGA - FORRÓ DE CABO A RABO (1986)



Em tempos de festa junina nada melhor do que apresentar seu melhor representante em seu melhor álbum de estúdio e talvez o mais contemporâneo disco de sua vasta carreira. Meu pai comprou este vinil ainda em seu lançamento, passei a infância escutando este disco e a fita cassete do disco posterior De Fiá Pavi (1987), lembro do quanto estes discos animaram as festas daquela época. Lembrando que Forró de Cabo a Rabo foi o disco de Luiz Gonzaga que mais vendeu e foi seu primeiro (e talvez único em vida) disco de platina de sua carreira.Se o forró é universitário, seu maior teórico é Luiz Gonzaga.


Quem acompanhou o filme que conta sua vida ou sabe de sua história, sabe que embora houvesse outros nordestinos fazendo sucesso na música ou cantando músicas nordestinas, foi Luiz quem primeiro levou a música a elite e fez com que durante anos o forró deixasse de tocar apenas no período junino mas fosse parte da cultura nacional.

Como tudo que é moda, Luiz Gonzaga que foi o maior artista popular brasileiro do final dos anos 40 e início dos 50, viu sua popularidade ir embora e acabar a década deposto pela nova moda chamada "Bossa Nova".

Sua carreira foi salva por causa de um boato, que em época pré (jurássica) internet, era disseminado sem ao menos ser checado. Carlos Imperial em seu programa de rádio espalhou que os Beatles iriam gravar Asa Branca de Luiz Gonzaga em seu novo álbum (o White Album - 1968). Todos acreditaram, ninguém checou, mas serviu para que a imprensa voltasse a falar de Luiz, da importância que fez "os garotos de Liverpool" sair da Inglaterra e gravar uma música brasileira e fez com que os intelectuais que o trocaram por um novo ritmo, visse que ele foi influente na concepção artística de João Gilberto e importante na criação da Bossa Nova. A música que os Beatles vieram gravar foi BLACK BIRD, e a música mais próxima a isto que Luiz gravou foi ASSUM PRETO (o PÁSSARO NEGRO que foi cego para poder cantar melhor).


Luiz Gonzaga em gratidão gravou "O Canto Jovem" em que gravaria todos os "novos cantores e compositores da nova geração da MPB", com Humberto Teixeira (um de seus grandes parceiros ou seu maior) fazendo um monólogo de agradecimento que é a síntese do que foram os 10 anos em que esteve longe da grande mídia e sua volta em grande estilo tal qual a Asa Branca na música "Bicho Eu Vou Voltar".


Nos anos 80, renovou seu som a tal ponto que em músicas como Luar do Sertão, tivesse orquestração que a música fosse tudo menos forró ou como na parceria com Fagner (1984) em que a bateria eletrônica atrasava as ótimas músicas gravadas datando um ótimo disco. Porém neste mesmo ano ele gravaria o disco que mudaria tudo, Danado de Bom (1984) embora com um ranço da bateria eletrônica e dos arranjos que levavam a tudo menos ao forró se sobressai pela qualidade do repertório lhe dando o primeiro disco de ouro.

O estilo feito nos discos com Fagner (1984), Danado de Bom (1984), Sanfoneiro Macho (1985) se aperfeiçoou ao ponto de fazer um disco na maior qualidade. Sumiram as orquestrações; sumiram as baterias eletrônicas; o baixo veio para conduzir junto ao zabumba; a sanfona de Dominguinhos e Chiquinho Gaúcho de Cabaceira tocando em mais alto nível; participações especiais do mais alto nível; um repertório que não datou como os demais discos gravados antes e até depois por ele...

POR ISTO E POR OUTRAS COISAS, PARA MIM, FORRÓ DE CABO A RABO É A BÍBLIA DE TODOS QUE ALMEJAM SE GRADUAR NO FORRÓ UNIVERSITÁRIO.


domingo, 8 de junho de 2014

ALBUM SONORO DE MANCHETE - OS GOLS DO BRASIL NA COPA DE 1970



Em época de copa do mundo nada melhor que publicar algo referente a copa do mundo do Brasil. Tenho 32 anos, minhas memórias de copas nos anos 80 são de bandeirinhas e ruas enfeitadas, civismo, idolatria, paixão pela seleção, romantismo em fase final, onde o futebol espetáculo era mais importante que o resultado frio e calculista pelo título. Minha memória mais antiga de uma copa do mundo é a de estar no colo de meu pai comemorando um gol da copa de 1986, provavelmente do Josimar e que eu quando jogava futebol na rua queria ser o Sócrates.


Cresci sabendo das histórias da copa de 1970, considerada o melhor selecionado de jogadores reunidos para disputar uma partida de futebol. Em 1994, a Rede Bandeirantes retransmitiu todos os jogos versão colorida antes do que viria ser a copa do mundo do tetra. Sempre fui um colecionador, e no ano de 1994, comprava tudo que era referente a copa. Principalmente se fosse da Revista Placar. Em uma era pré internet, decorar as informações da edição que continha todos os jogos dos 80 anos da seleção (que este ano completa 100 anos) e contar vantagem na escola era o máximo, hoje em dia alguém vai no google e tem todas as respostas.

O que venho contar agora é sobre um vinil que comprei tempos atrás por módicos R$ 0,50 centavos em um sebo que continha nada mais nada menos que a narração de todos os gols da copa de 1970. Soube pesquisando pelo google (sou da geração que me rendi ao google para pesquisa). Vinha como um encarte da (na época) popular revista Manchete. Seus narradores são Waldir Amaral e Jorge Curi (indivíduos competente os dois).

Na melhor copa em que o Brasil esteve, não sei se seria bom estar no Brasil naquela época de junho de 1970. Dois filmes, hoje clássicos contam como era o Brasil, em pontos de vista diferentes, no momento dos jogos, ambos com forte teor político. O primeiro é Pra Frente Brasil (1982) de Roberto Farias e o outro é O Dia em Que Meus Pais Sairam de Férias (2003) de Cao Hamburgo.

Por isto como não tem como voltar na máquina do tempo e reaver a festa que foi ver "in loco" a conquista do tri no México ou viver o terror que era viver no momento mais tenso da ditadura no Brasil, melhor ter o áudio para ouvir, fechar os olhos, e sentir a sensação como se fosse um dos 90 milhões em ação junto com a seleção.

VIAJE NO TEMPO: PRA FRENTE BRASIL, SALVE A SELEÇÃO!!!


APRESENTAÇÃO DO BLOG: AS PREFERIDAS DO ROGÉRIO

Começo uma nova fase deste blog tentando voltar aos poucos ao mundo do blog. Irei postar neste blog algo que me fez ou me faz gostar de música ou algum som. Basicamente serão indicações de algo com algumas informações que tenho e algumas que todos sabem mas que vale a pena ressaltar. Mas principalmente minhas opiniões sobre o assunto, o que geralmente não condiz com o que o visitante tenha, mas possa contribuir para a discussão de algum assunto.

Quem me conhece sabe que música é minha vida e adoro conversar sobre música, e nem sempre o que gosto é do gosto de todo mundo. Tenho adoração pelo vinil e da música de seu tempo. Nem por isto irei só comentar músicas antigas.

Para mim, este blog é uma terapia. Resumindo, aqui vão minhas indicações de algo que gosto muito, MÚSICA. O que terá neste blog será intencionalmente a fim de divulgar material que me chama atenção.

Sejam Bem vindos.
Rogério